porra de vida, pensou baixoseu tempo se esgotandoa vida se ajeitandoa família já vivendo a expectativa do não ternão mais eua vida é uma grande merda, na verdadetenho vidameu sangue ainda correnas veias cheias da quimiomeu cérebro ainda pensano meio do tumor que o corróio tic tac malignocancerosoimplacávelvai me tornando algo tão diferente do que souminha alma ainda a mesmatento dizer aos que amovejo nos seus olharesmedopenao choque da imprevisibilidadeTodos temos data de validadeporque a minha tão cedo?tantos sonhostanto amortanta esperançatudo adiado para sempreporramil vezes porramelhor cerrar os olhosnão pensarvoltarPara onde afinal?Descartável o que souum corpo que não reconhecemuma agilidade que faltaum outra eua mesma eumaldito relógio! Texto publicado originalmente em 2019, no blog Elenara Elegante Navegação de Post Carta entre tempos Idade não é deficiência (algumas ideias sobre o envelhecer e a arquitetura)