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Dia Internacional da Pessoa Idosa: há o que comemorar?

Em um arroubo pessimista, diria que não. Em um arroubo otimista, diria, também, que não!

Como em quase tudo – nessa humanidade que ainda não entendeu sua essência, apesar dos milhões de anos de existência – ainda engatinhamos no mais recente fenômeno da existência, um paradoxo: da mesma forma que matamos milhões e milhões de seres humanos, seja de fome, por falta de saúde, por guerras e pelo cotidiano da vida em cidades, estamos envelhecendo. 

E não olhamos para isso, não ao menos em nosso país. E não, quando olhamos, na intensidade necessária.

Ainda somos, os que atingiram e ultrapassaram a casa dos 60 anos, carimbados como “idosos”. 

Traduzindo: apagados! Carimbo posto, assunto resolvido! E o carimbo cumpre sua função: elimina as individualidades. E, ao eliminar as individualidades, elimina a necessidade de fazer aquilo que mais os seres humanos têm dificuldade: olhar o próximo. 

Não um próximo genérico, mas os próximos que estão logo alí, mas vilas, nos arrabaldes, nas favelas, nos lugares que alagam com as enchentes, com os desabamentos, com a maioria de um povo que se equilibra entre a sobrevivência e a constante situação de vulnerabilidade.

Não, não vejo o que comemorar. Não vejo como um dia, um mês, que seja, haverá de mudar a triste realidade da vida das atuais pessoas idosas.

É por isso que devemos investir – e insistir no investimento – nas novas gerações, já tão sofridas quanto as atuais ditas “velhas”.  Não conseguiremos mudar a sociedade para essa atual geração de pessoas idosas, mas conseguiremos para as que estão vindo.

E é nosso dever mostrar a eles, os jovens, a realidade do mundo que estamos deixando, para que assim percebam que está nas suas mãos a mudança. 

Deixo aqui uma proposta: que o Dia Internacional da Pessoa Idosa seja transformado no Dia Internacional da Intergeracionalidade. 

Dia em que possamos mostrar aos jovens que podem resgatar a dignidade de chegar – se chegarem – aos tempos mais longevos da vida.

1 comentário em “Dia Internacional da Pessoa Idosa: há o que comemorar?”

  1. Já passei dos 60 há muito tempo. Não sou pessimista. Penso que houve muitas melhoras no reconhecimento da velhice. Tem muito por fazer, com certeza.

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