O Dia dos Avós é celebrado no Brasil em 26 de julho. Essa data é ligada à tradição católica, dedicada a Santa Ana e São Joaquim, pais de Maria e avós de Jesus Cristo. A comemoração foi incentivada pela portuguesa Mariana Amália de Jesus Costa, que viveu em Petrópolis (RJ), que lutou para que os avós fossem lembrados com o mesmo carinho destinado às mães e pais. O Dia dos Avós é uma oportunidade para valorizar o papel dos avós na família e reforçar os laços afetivos entre as gerações. Foi uma escolha ligada à Igreja Católica, feita pelo Paulo VI. Não existe uma lei específica no Brasil que crie o Dia dos Avós. DIA DE REFLEXÕES Quais foram os netos que se lembram de seus avós neste dia? Ou não se lembram deles nem hoje e nunca? Os avós, para muitos netos, são “coisas do passado”, sim, com esta crueza. Não nos enganemos. Não se lembram dos aniversários deles, não ligam. Mesmo avós antenados com a modernidade, com celulares inteligentes, não recebem chamadas de vídeo. Pior do que tudo isto (o esquecimento, apesar de que ele pode matar), são os netos que maltratam e exploram seus avós. Os dados são oficiais: cerca de 60% dos casos de violência contra idosos, a agressão ocorreu dentro do ambiente familiar, com os próprios parentes sendo os principais agressores. Filhos, netos e outros familiares são frequentemente apontados como agressores. Essa violência, muitas vezes, se manifesta através de negligência, abandono, abuso financeiro e outras formas de maus-tratos. ECONOMIA PRATEADA Já ouviram falar em “economia prateada”? A cada dia mais pessoas passam à sua frente ostentando seus cabelos grisalhos ou prateados. Copiamos, como papagaios, o “silver economy” dos gringos, e a mídia não se cansa de falar deste novo segmento social, os velhos que consomem. Neste sentido, os marqueteiros de plantão que não dormem no ponto viram uma boa brecha para vender. E como vendem. Pois, netos acham que dar um presente, presentinho, para os vovozinhos está tudo bem. Não, não está nada bem. Veja, antes de presentear, de aliviar sua consciência, como vivem seus avós? Quais as relações de convivência que vocês têm entre si e com seus filhos, parentes, amigos e conhecidos? A arquiteta Elenara Stein Leitão, do Coletivo Metamorfose da vida, terá no livro a ser lançado “Crônicas de Porto Alegre” um escrito do que vou presentear os leitores. Imersa nesses pensamentos, parei na sinaleira. Vi uma senhora de cabelos brancos se aproximar, caminhando bem devagar. Parou ao meu lado. Sorrimos. Ela me perguntou se podia atravessar comigo, pois tinha medo dos degraus das calçadas. De mãos dadas, cruzamos a faixa de pedestres. Paramos e conversamos. Duas desconhecidas, moradoras da região há décadas. Nunca a tinha visto. Mas ah, a magia do sorriso e da pouca pressa fez o tempo parar. Trocamos memórias. Seus olhos muito claros e vivos, nas oito ou nove décadas que ela carregava, transbordavam beleza. Me confessou que estava proibida de sair sozinha, mas fugia de vez em quando. E sim, era lúcida, e jovem na arte de arrancar sorrisos, como disse gostar de fazer. Isto sim é um presente digno de nota. Um presentinho, neste frio, como uma pantufinha, uma meia ou um xale não bastam. O que conta é o afeto. Já linha belas narrativas de netos/as sobre os bolos inigualáveis da avó, do carreteiro do avô, por que não agora exibir seus dotes a eles, fazendo algo na cozinha e curtindo um bom papo. No volume III de Metamorfose da vida, teremos o texto de Guilherme Menezes que nos chama a atenção sobre o tema da Pessoa Idosa e a Vulnerabilidade na Internet. Você como neto/a tem tido paciência para tratar disso com eles (os avós) e ensinar de verdade? Eis o que nos diz Guilherme! Quando tratamos da presença digital do idoso, temos de nos lembrar da vulnerabilidade e dos riscos aumentados de se cair em golpes e fraudes digitais. Para este público, que ainda está se familiarizando com os dispositivos e aplicativos, a falta de conhecimento e a confiança nos conteúdos recebidos podem torná-los alvos fáceis de pessoas mal intencionadas. Esse é, aliás, um dos temas que mais despertam o interesse em minhas aulas, pois é comum ver nos noticiários novos golpes e fraudes que têm justamente idosos como alvo. Pensem nisto caros netos/as. Veja se você está cumprindo minimamente o seu papel. Ou é mais alguém dos que não se importam com a velhice, ainda sonhando com a eterna juventude? PARA O ANO QUE VEM Nós temos uma forte expectativa que para o ano que vem as coisas possam ser diferentes e melhores. Estamos, com um grande número de pessoas, que estudam e tratam do tema das pessoas idosas, com estudos, publicações, rodas de conversas, ensaiando algumas ações de Diálogos Intergeracionais – www.coletivometamorfosedavida.com.br Também está em fase de legalização a Associação Movimento Sociedade sem Idadismo – www.idadismo,net Neste sentido, pelas áreas que transito, farei todo o esforço que esta data não seja meramente um chamarisco comercial, mas um dia de reflexões, que nos levem a um mundo de respeito aos direitos das pessoas idosas, de cumprimento do Estatuto do Idoso, valendo os ditames de nossa Constituição Federal. ADELI SELL é professor, escritor e bacharel em Direito – 51.999335309 – [email protected] Navegação de Post ILIPs: QUEM FISCALIZA?
Importante reflexão! Tenho certeza que os idosos trocariam um presentinho por companhia ou um beijo de boa noite! Responder