Estimativas apontam que mais de 60 milhões de pessoas vivem com demência em todo mundo, o que resulta em mais de 1,5 milhão de mortes por ano e um custo anual para a economia global de saúde de cerca de US$ 1,3 trilhão (mais de R$ 7,3 trilhões). No ano passado, segundo um estudo do Ministério da Saúde, encontro dados alarmantes no Brasil. Teríamos cerca de 8,5% da população com 60 anos ou mais convivem com a doença, mais ou menos 2,71 milhões de casos. Até 2050, a projeção é que 5,6 milhões de pessoas sejam diagnosticadas no país. Veja que o dado atual é gritante. Agora daqui ¼ de século estaremos numa situação pior. Há uma reiterada fala ou escrita que a demência “não tem cura”. Fala-se que a luta contra a demência envolve pesquisa para encontrar tratamentos curativos até cuidados paliativos e apoio aos pacientes e seus cuidadores. Diz-se que a investigação continua a progredir, e o desenvolvimento de novos medicamentos e estratégias não farmacológicas visa melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Tudo ainda muito vago. Diria que ainda tratando do tema da “demência” é difícil à gente não se assustar. Defendo que um serviço decente foi feito com o documentário “Kubrusly: Mistério Sempre Há de Pintar por Aí” (Globoplay), mostrando a vida do jornalista Maurício Kubrusly, 79, após o diagnóstico de demência frontotemporal, conhecida pela sigla DFT. Ele descobriu a doença em 2019 e foi afastado da TV Globo após 34 anos. Já a forma como tratam da saúde do Joe Biden, ex-presidente dos EUA, sempre me pareceu oportunista e dolorosa com ele. E isto que me parece que está com problemas progressivos de lapsos de memória, longe de uma demência. Outro tema correlato, longe de uma demência, é o que se chama de confusão mental. Leio que a confusão mental na pessoa idosa, conhecida como delirium. É uma alteração súbita e geralmente temporária na função cognitiva. Caracteriza-se por dificuldade em pensar com clareza, desorientação no tempo e no espaço, e pode incluir alterações no ciclo sono-vigília e alterações de comportamento. Isto tudo é muito alarmante e tão ou mais alarmante o envolvimento de parentes e cuidadores profissionais e instituições de longa permanência, clínicas, hospitais etc. Se temos 1,5 milhões de pessoas com demência, pode ter um parceiro vivo e será duramente afetado. Devemos ter mais uns 3 milhões ou mais de filhos. Logo, chegamos perto de 5 milhões diretamente afetados. Acrescentem-se os profissionais cuidadores e os agentes de saúde. O que fazer? Como fazer? Qual o papel de cada um de nós como cidadãos, como cuidadores familiares? Qual o papel das academias, dos centros de pesquisa? E, tão ou mais importante, quais os papeis dos governos em todos os níveis? ADELI SELL é professor, escritor e bacharel em Direito. Navegação de Post A VELHICE DO TEMPO – O TEMPO DA VELHICE