
No dia 8 de novembro, convidado para uma roda de conversa com o núcleo caxiense da Associação Brasileira de Alzheimer, conhecemos, Elenara, Grace, Afonso e eu, a Verônica Filter de Andrade, autora do livro. Já tinha admirado seu desempenho numa LIVE que fiz com ela.
Verônica é um jovem e talentosa fisioterapeuta, mestra e doutoranda em Ciências da Saúde.
É visível pela leitura de cada capitulo de seu livro de 105 páginas pela Vírtua, de Caxias do Sul, que é dedicada ao tema do envelhecimento com vigor e afinco.
Verônica começa bem pelo título ao nos propor uma “escolha”: envelhecer é escolha ou acaso.
É claro que envelhecer é uma escolha. O acaso será sempre uma exceção.
Na sua dedicatória ela me diz que “este livro lhe inspire a olhar para o envelhecer como um processo de amor e dignidade”.·.
Ao ler este livro nosso leitor vai ser convidado a sentar e escutar.
A autora começa nos ensinando que “envelhecer não é um fim – é um caminho”. E este caminho é certo que se faz com cada gesto, cada cuidado e a cada recomeço. Pois, estamos falando de viver, cuidar e envelhecer.
É evidente que envelhecer é um processo inevitável, como um dia que vale a penar viver é a morte, a nossa Finitude. Não tem jeito. Mas para tal a gente deve fazer uma ESCOLHA.
Nós queremos ser valentes como nos diz Victor Hugo, pois para nós existe a oportunidade. Vamos escolher, pegá-la e tocar para frente o barco como se vê no filme “O ÚLTIMO AZUL”, cuja temática vem a casar com as escritas de Verônica.
A oportunidade que temos é envelhecer com dignidade, autonomia, com saúde e com prazer de viver mais e mais. Devemos envelhecer com propósito, e isto se faz construindo a cada passo nosso caminho, sem nos deixar levar pelos outros.
Nossa saúde tem quase tudo de nossa autoria, a começar pela alimentação. Ah, mas os pobres? Sim, sabemos que nem todos somos iguais, por isso o Estatuto agora é da PESSOA IDOSA. As predisposições genéticas existem, não se pode negar, porém “não herdamos destinos definitivos”.
“A genética abre a porta, mas é o estilo de vida que escolhe o caminho”. Nada mais certo, pois comer um cachorro quente no Centro da cidade é o custo de um PF – Prato Feito – com arroz e feijão. São escolhas. E olha a diferença disso em nossos corpos. Eu diria que a Verônica poderia, num próximo livro, explorar o tema da educação para a velhice com estes exemplos e outros mais, botando por terra os mitos. Alguns refrigerantes são mais caros que o leite e sucos.
O estilo de vida é quem dita o nosso percurso.
Ah, fiz isto a vida toda? Vida toda? Não, você está vivo/a. Tem como recomeçar. Tem como mudar.
Outra questão que permeia este escrito de Verônica é “a arte de se cuidar antes que o corpo grite”.
Vínculos, pois não fomos criados para viver só. Tema que eu pessoalmente explorei no livro coletivo Metamorfose da vida, volume III – solitude, solidão, depressão. Este é o mal do século. A convivência é também escolha, pode ser a família, mas esta pode estar ausente; logo, a gente vai escolhendo pessoas, vizinhos, amigos e instituições.
Daí podem surgir “redes de apoio”. Temos que nos mexer, buscar, escutar, falar. Autoestima e propósito, sem parar de abrir novos caminhos. Pois, o caminho se faz ao caminhar.
E a segurança? Nossas casas não foram preparadas para velhos e velhas. As cidades são em geral hostis, com calçadas quebradas, ônibus sem piso rebaixado, obstáculos, desrespeitos de todas as ordens.
Segurança financeira, ou melhor, seguridade social antes de tudo. Nós não temos uma educação para a aposentadoria, não valorizamos nossa previdência, não fomos capacitados para poupar. Mas podemos mostrar isto para os mais jovens, num diálogo intergeracional. E buscar driblar as lacunas, exigindo ações do poder público.
Há tantos elementos em seu livro, e um deles que a autora soube explorar com maestria é “ainda dá”, temos tempo para treinar corpo e mente. Verônica nos dá lições como nosso cérebro pode ser treinado a se expandir. E é um tema pouco explorado nos estudos de gerontologia, mas a autora mostra que na velhice podemos ter expansões incríveis com o cérebro, valendo para prevenir ou retardar demências e o Alzheimer.
Certamente a autora vai continuar estudando, fazendo suas ações e escrevendo. Podemos adiantar que no volume IV de nosso Metamorfose da vida teremos sua contribuição.
Adeli Sell é professor, escritor e bacharel em Direito.